Descrição
Neste volume reúnem-se, por ordem cronológica de publicação, vinte e quatro textos editados entre janeiro de 2013 e março de 2015 na coleção “Caderno de Leituras” das Edições Chão da Feira. Escreve-se a partir de qualquer coisa: guarda-chuvas e pegadas na lua, sereias, poesia, cogumelos e penicilina, jogos, política, quadros, bibliotecas queimadas e filosofia, amizade, romances, dicionários, praias ou a infância. Talvez aquilo que os aproxima (a frágil ponte que torna a leitura uma experiência de surpresa e continuidade) sejam linhas de força, elos que reverberam uma espécie de murmúrio insistente: a disponibilidade para a aventura.
Na apresentação, escrita por Maria Carolina Fenati, lemos:
“Cada um destes textos busca, a seu modo, escapar às lógicas majoritárias, desviar as palavras dos seus usos costumeiros, abdicar do despotismo do invariante, desfazer os sistemas de oposição. Desafinar o coro dos contentes é aqui o ritmo que imprime aos textos a sua variação: cada um deles desloca as leis, qualquer lei, até mesmo sua própria lei. Todavia, o que os move não é a energia da destruição. Trata-se de desfazer e inventar, de romper e desejar, de afastar e criar. Nestes textos, escrever é buscar criar um idioma, é arriscar-se na aventura da singularização. Paul Celan escreveu que nesta busca é preciso deslocar os olhos – numa espécie de recado a si mesmo ele escreve: “Vai antes buscar um par de olhos ao fundo da tua alma e põe-nos ao peito – e então saberás o que […] se dá a ver”. É este o gesto, raro porque singular, que escuto nos textos aqui reunidos.” (pág. 13)