Descrição
Neste texto, Jordi Carmona pensa as relações entre infância e emancipação. A sua escrita afasta a matriz filosófica iluminista na qual haveria um vínculo entre emancipação e maioridade, e a partir da experiência de Jacotot (pensada por Jacques Rancière em O Mestre Ignorante) e de outras referências, imagina as ligações entre poesia, infância e emancipação, e os modos pelos quais isto afeta a vida em comum.
“[…] o mestre ignorante é, na verdade, quem ensina o que não sabe, quem separa emancipação e saber. É quem remete dedutivamente todo o processo de ensino a um único axioma: a igualdade das inteligências. Trata-se, contra a lógica progressiva iluminista, de mostrar que a emancipação é, a todo momento e em todo lugar, efetuável: pois nunca chegaremos à ilha da igualdade se não partirmos dela desde o começo. Emancipar-se, pensar por si mesmo, não consiste em adquirir um conteúdo de saber acumulável […]. Emancipar-se consiste, ao contrário, em sentir e verificar que “eu” posso fazer, no domínio da inteligência, tudo que pode fazer um homem, um ser falante, um ser capaz de raciocínio.”