n.03 | 2012 – Escolher pensar

Silvina Rodrigues Lopes

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Descrição

“As fotografias de Daniel Costa (1973-2000) apresentadas aqui constituem parte de um conjunto que ele próprio concebeu como alternância de duas séries – a de fotografias de nuvens e a de coisas de pequenas dimensões. Ambas as séries possuem de imediato características muito marcadas que as colocam em diálogo ou confronto. À indeterminação das primeiras contrapõem-se a nitidez e o rigor da delimitação das segundas. As nuvens estão acima da superfície terrestre, entre esta e o espaço infinito. Constituem uma espécie de cortina móvel diante do enigma. A mobilidade é nelas um elemento fundamental. É porque o movimento visível faz parte do seu ser que as nuvens mudam continuamente de forma perante ao nosso olhar. Por muitas explicações científicas que tenhamos dos fenômenos atmosféricos, elas continuarão sempre a ser vistas, imaginadas, como efeitos de forças que escapam ao nosso controle. A contemplação da forma instável de uma nuvem provoca em nós o sentimento do sublime, pois sentimos que do seu próprio interior o seu limite se transforma e que, por conseguinte, uma nuvem nunca está ali disponível para o nosso olhar. Damos um nome a esse operador de sublimidade: vento. Então, notamos que uma força que pode causar desastres terríveis é vital na natureza, onde tudo se move e se relaciona sem que alguma vez possamos compreender esse Tudo, de que fazemos parte.”