Submetidos a processos históricos de expropriação, etnocídio e genocídio, os povos indígenas e comunidades afrodescendentes (quilombolas e dos terreiros de axé) são justamente aqueles que de modo mais contundente têm respondido aos impasses políticos em escala local e global. Em amplas mobilizações, seja pela retomada e demarcação de suas terras, seja pela afirmação de seus direitos político-religiosos (crescentemente ameaçados pela conivência do Estado com o avanço do agro-extrativismo, do agronegócio e dos discursos de intolerância), coletivos indígenas e negros valem-se dos saberes tradicionais e populares para elaborar renovadas estratégias político-midiáticas; produzem práticas e discursos que apontam para alternativas de vida comum baseadas, não na mercadoria ou na propriedade, mas na aliança com outros povos, com a floresta, seus animais e espíritos.
Editores: André Brasil, César Guimarães e Maria Carolina Fenati