Descrição
Este texto foi publicado pela primeira vez em Lisboa, no dia 14 de março de 1982, no Suplemento Cultural do jornal português O diário. Nele, Maria Gabriela Llansol interroga-se sobre as finalidades da literatura, e imagina o que elas operam, desviando-se de um horizonte fechado como resposta.
“Para que o existente que com nossas mãos tocamos sobreviva, necessário se torna criar reais-não-existentes, ‘outros possíveis’ que serão outros mundos se a linguagem os fizer e o corpo os puder tornar viáveis; e não haverá mundo se no seu centro irradiante estiver ausente a figura da alegria, que cada um de nós possa vislumbrar.
Nada disto é para mim piedoso voto, nem consolação pueril; sei que escrevo num momento em que a fome anula milhões de seres humanos, em que o despotismo quebra as solidariedades e as vontades, em que a guerra pretende tornar-se o pão do homem como se as diferentes culturas em confronto tendessem, cada vez mais, a aproximar-se no uso da violência e nos deixassem definitivamente perplexos quanto ao que uma sociedade seja.”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Fundação Municipal de Cultura. Patrocínio UniBH.
Projeto 0699/2017.