Descrição
Neste breve ensaio, Daniela Pasik escreve a partir de um sonho: como teria sido criar seu filho na presença do pai biológico? É quase um delírio, como quando sonhamos que estamos voando, porque este homem foi embora quando ela ainda estava grávida e nunca mais voltou. A partir da diferença entre o sonho e a experiência, Pasik abre o caminho da escrita, e narra algumas experiências, traz dados que evidenciam que a solidão acompanha a maternidade de muitas mulheres (mesmo quando os pais estão presentes), rasura a expressão “mãe solteira” e afirma o termo “monoparental”. É um ensaio breve e potente, e quem lê se depara com um pouco da intimidade áspera da maternidade, aquela que, não raro, as mulheres vivem silenciosamente.
“No registro civil, quando registrei meu bebê recém-nascido com meu sobrenome, a senhora que atendia me disse: ‘Você não vai se reconciliar com seu namoradinho e se arrepender em uma semana, né, meu bem? Pensa bem porque é um trâmite longo.’ Eu a escutei em silêncio. Segui adiante com os documentos. Costurada pela cesárea, puérpera, com meu filho nos braços porque não tinha quem cuidasse dele enquanto eu fazia o trâmite que, além de longo, tornou-se doloroso e perverso.”