Descrição
Neste ensaio, memória e ficção tocam a língua de modo indistinto, e uma mulher conta sobre o final de um relacionamento, relembra alguns livros, acompanha a paisagem sonora de um término e olhando pela janela de um táxi, ela imagina uma viagem à lua feita de carro. O sul parece ser uma geografia do presente. Talvez aqui a escrita seja inseparável da radical hospitalidade – os afetos, passado, presente e imaginário, o jogo, os restos, habitam a escrita sem hierarquia. É sempre a voz que chama e responde ao que a atrai, entre a invenção, a memória e o esquecimento.
“No National Geographic dizem que a lua está muito próxima, mais do que o denominador comum acredita. Que se a gente viajasse até lá de carro, levaríamos duzentos dias para chegar. Não me olhe assim, eu não fiz nada para que isso terminasse de um dia para o outro, sentados em um sofá coberto por lençol na casa do seu amigo A. Você nem sequer me ofereceu um copo de água quando me convidou a entrar, mas tudo bem, você estava nervoso. E aí, diante de nós, enquadrada mas pequenina, a foto de A. e sua namorada na última praia da costa atlântica argentina.
[…]
O presente é uma paisagem do Sul.”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 1094/2020.