n.98 | 2020 – Dar aulas (da maiêutica, ainda)

Tomás Maia

Baixar

Descrição

Uma das clausuras do mundo em que vivemos é o entendimento majoritário da relação mestre/discípulo: mestre é aquele que sabe, discípulo é o ignorante e entre eles erguem-se hierarquias e instituições nas quais desperdiçamos nossos dons. Esta estrutura é reproduzida nas instituições de ensino e, tragicamente, nas relações entre adultos e crianças de modo geral. A partir da filosofia, e de uma leitura que é também resposta e desvio, este texto imagina o contágio inverso: não é a hierarquia de uma escola enrijecida que contagia a relação com a criança, mas sim a força de nascimento, criação e libertação que acompanham a chegada de uma criança no mundo que irão inspirar as relações de aprendizagem.

“Todos os professores são assistentes (de partos). O ensino é o nascimento assistido (o estrito reverso da eutanásia).
O ensino é a arte (tekhne) do parto assistido.
_

Dar assistência a um parto, eis a essência do ensino; com rigor se diz (usando aliás uma bela expressão portuguesa): ensinar é dar aulas.
No caso do ensino da arte (e das artes visuais), essa dádiva é evidente e literal: trata-se de dar assistência ao dar-à-luz.”

Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Patrocínio UniBH.
Projeto 0699/2017.

Coordenação editorial
Maria Carolina Fenati

Coordenação de arte
Luísa Rabello

Revisão
Bernardo R. Bethonico

Janeiro de 2020