Descrição
Neste ensaio, Valeria List escreve a partir da ideia, repetida por políticos e por poetas, em filmes e na mesa de bar, de que a poesia pode mudar o mundo. Partindo de poetas europeus que se dedicaram a elaborá-la, Valeria List todavia propõe pensar nela “como uma latino-americana que escreve e lê poesia, sobretudo, de mulheres.” São muitas as outras vozes que habitam o seu ensaio, e com elas o pensamento sobre as relações da poesia com o mundo questiona a força do signo, a escrita da memória, as práticas do entendimento e do silêncio, e o movimento das relações.
“A poesia é um instrumento de resiliência assíncrono porque transcende os acontecimentos sujeitos a uma temporalidade. Embora tenha sido produzida em uma época determinada, ou a partir de uma circunstância concreta, o que ela nomeia é atemporal. Não é apenas uma ferramenta para lidar com o caos atual, nem uma das saídas ou paliativos urgentes; sua natureza transcende cada crise pessoal e mundial. Anna Akhmátova, na fila da prisão de Kresty para ver seu filho, é uma mulher que escreve durante o regime de Stálin, mas que também fala sobre a liberdade, a maternidade, o sofrimento e a perda de um filho em qualquer momento histórico. Réquiem é um livro escrito, de certo modo, em conjunto. Desde o início, e “En lugar de [un] prefacio” [No lugar de [um] prefácio], conta que uma mulher a reconhece e lhe pergunta se pode escrever o que está acontecendo, e ela lhe responde que sim. O que a poeta está dizendo é que não apenas escreve por ela e seu filho, mas também por todas as outras mães e os outros filhos.”