n. 173 | 2024 Minha masmorra estremeceu – Carta a meu sobrinho na ocasião do centésimo aniversário da Emancipação

James Baldwin

Baixar

Descrição

Esta é uma carta afetuosa e amorosa,  áspera e dura, de um homem negro ao seu sobrinho também negro, quando os Estados Unidos celebravam cem anos da Emancipação. A quem se destina e a quem se deve destinar a emancipação? – essa pergunta ronda o fundo dessa carta, que afirma que é cedo para celebrar a liberdade, que o caminho é longo, vem de longe e continua. Na carta estão também as memórias familiares, o laço entre o tio e o seu irmão, entre o sobrinho e seus pais, a força das mulheres que antecederam esses homens, e a luta de cada um deles por si e pelos seus. Inseparável dessas memórias, está a narrativa  sobre uma dor compartilhada: “você nasceu onde nasceu, e encara o tipo de futuro que está encarando, pois é preto, por nenhuma outra razão”. Esta é uma carta de amor que, entre a dor e a dureza, funda a sobrevivência no vínculo: “se não tivéssemos nos amado, nenhum de nós teria sobrevivido”.

“Por favor, querido James, tente ter clareza, através da tempestade que recai sobre sua jovem cabeça hoje, sobre a realidade por detrás das palavras aceitação e integração. Não há motivos para você tentar ser como a gente branca e não há qualquer base para o pressuposto que nutrem de que são eles que devem aceitar você. A coisa realmente terrível, velho camarada, é você ter que aceitá-los. E eu falo bem sério aqui. Você tem a obrigação de aceitá-los e aceitá-los com amor. Pois a essa gente ingênua não resta outra esperança. Com efeito, eles ainda estão encurralados em uma história que não compreendem; e até fazerem-no, não se verão livres da armadilha.”

Edição
Maria Carolina Fenati
Paulo Maia

Tradução
Felipe Vale da Silva

Revisão da tradução
Mariana Lage

Revisão
Andrea Stahel

Projeto gráfico
Luísa Rabello

Coordenação da coleção
Luísa Rabello
Maria Carolina Fenati

Maio de 2024