Descrição
Este é um ensaio sobre as relações interespécies, sobre trocas, escuta e variações de linguagem. As relações entre plantas e animais começaram antes dos humanos povoarem a Terra, voltaram a começar quando isso aconteceu, e a sua trama é propriamente infinita. Naquelas que envolvem os humanos, nós lançamos desejos de escuta de outra linguagem, de entendimento, por vezes de convívio, e também de aniquilamento. Sobre isso muito tem sido dito, e se aprendemos sobre várias espécies e sobre a urgência da causa planetária, nessas relações também expomos nossos saberes ao limite , o que por vezes revela os seus pressupostos mais recônditos.
“Esta é a história de um corpo que contém em si muitos corpos. É uma história de territórios deslimitados. Uma narrativa que se cruza com outros gêneros, inclusive alguns não nomeados (ainda). Uma história de cordas (Donna Haraway), uma ficção entretecida por vozes — algumas articuladas, outras na verdade intuídas. Mas todas estão aí: sob a expressão possível, às vezes invisíveis e às vezes palpáveis, às vezes deixando apenas um rastro ou um espectro, às vezes como uma estrutura fantasma, uma espécie de feitiço porque já não estão presentes esses corpos (antigos animais), mas sim os daqueles que foram seus sócios: as plantas que comeram, as árvores que lhes deram sombra e com as quais de uma ou muitas formas se entrelaçaram, as flores que existem graças a eles em um ciclo que contribuíram para completar.”