Descrição
Neste ensaio, as reflexões sobre o caminhar se desenham a partir da vibração dos músculos, da intimidade do caminhante, do ritmo dos passos, da amplificação do pensamento, da dilatação do tempo, da fuga à utilidade e à produtividade excessiva, da aposta na alegria do movimento. As variações de perspectivas sobre o caminhar são também formas de dizer da paixão por este gesto tão antigo e que, todavia, não se repete: cada caminhada é um acontecimento marcado pelo novo porque trata-se do deslocamento de um corpo singular. No ritmo da caminhada, o caminhante entrelaça a afirmação de si, a alegria do movimento e a imprevisibilidade do destino.
“O conhecimento é oferecido durante a caminhada como um presente vivo, ora apreensível no momento e, às vezes, como um prazer que vem depois, porque o formigamento no corpo continua depois dela. Mesmo quando se chega em casa, a agitação ainda percorre as veias e os músculos. Caminhar produz ressonâncias. A mente agradece pelos estímulos que formam um material fértil com possibilidades de uma elaboração consequente (ou não), porque também pode restar só o simples agradecimento de ter sacudido a existência com o balanço do caminhar.”