Descrição
Neste ensaio, Marina Garcés provoca a relação entre arte e política com a pergunta: seria a repolitização da criação contemporânea uma garantia de reencontro entre a criação e o político? Como pode a arte, hoje, lidar honestamente com o real? Seus temas, processos e lugares – coletivos e abertos ao espaço público – parecem reproduzir novas formas de banalidade e espaços para o autoconsumo e reconhecimento. Para a autora, “a honestidade com o real é a virtude que define a força material de uma arte envolvida com os problemas do tempo e do mundo que compartilhamos”.
“Tratar o real com honestidade significa entrar na cena, não para participar dela e escolher uma de suas possibilidades, mas para tomar posição e violentar, junto a outros, a eficácia de suas coordenadas. […] Este texto é uma aposta e uma chamada, um voto de confiança e uma exigência. A arte, se quer ser política, tem que ser antes de tudo honesta no sentido que definimos até aqui: não tanto em seus temas e vontade de intervenção, mas em seu modo de tratar a realidade e de tratarmos a nós mesmos. Numa arte honesta, fale do que fale, toque o que toque, sempre encontramos o rastro de três anseios, ou de três alentos: um anseio de verdade, um anseio de nós e um anseio de mundo.”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 0182/2021.