Descrição
Este ensaio pensa a tarefa da edição de textos como um exercício político, de reescrita do tempo e das técnicas. É preciso que haja colaboradores para que haja edição, e o tempo do texto resiste, ou pelo menos insiste em desviar, do tempo de produção do capital – é por isso que editar implica voltar a decidir sobre como trabalhar junto e os ritmos da partilha desse trabalho. Inseparável da história da técnica (do livro, da internet, etc), a edição de textos reafirma a escrita e assinala a reminiscência do gesto (da mão, do corpo) no jogo das invenções tecnológicas. Entre a técnica, a política e as temporalidades, editar textos, neste ensaio, é um exercício de diálogo e pensamento em muitas línguas e com muitas cabeças.
“Sou editora porque gosto de ler, sem dúvida, embora confesse que a ideia de ler pela quinta vez um texto às vezes me entedia; uma vez aberto o texto em questão quem sabe me deixo levar pelo desejo de ver terminado o processo de edição, por deixar que circule, por ver que vida terá ou por me desapegar, de certa forma, dele. Devo admitir o desejo de que os processos, os meus, fossem mais rápidos e talvez, me imagino ou me analiso, isso não seja nada além desse “rush” capitalista, essa ideia tão premiada e bem vista de ser produtiva. Editar escrever produzir. Como escrever e editar dando respiro e tempo necessário aos processos?”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 0182/2021.