Descrição
O que está sobre a mesa de uma escritora? Livros nunca terminados, uma xícara de chá do dia anterior e talvez a distante relação de uma filha com esse homem chamado pai. A permanência parece ser a única condição para a existência de um vínculo que no dia-a-dia parece passar desapercebido. Uma mulher que cresce vendo essa figura paterna como quem vê um satélite ou um pontinho em alto mar. Presente, mas nunca ao alcance das mãos. Logo a impotência de saber que a escassez de afeto nem sempre é algo pessoal, que talvez seja o tentáculo de um bicho muito maior.
Nesse texto, a autora argentina Camila Fabbri reflete sobre quais são as condições implícitas a esse verbo tão incomum que é o paternar e busca semelhanças que justifiquem o porquê de dois semidesconhecidos poderem compartilhar com tanta harmonia um silêncio.
“O pai que decidiu ficar e a mãe que deu tudo o que tem e mais, muito mais. Há muito disso nas histórias que me cercam, essas anedotas de contemporânexs que tomaram esses tipos de decisões. Ir, ficar. Essas tarantelas são as que eu escuto cada vez que me pergunto: o que é um pai? E também exijo de mim mesma saber: por que isso é algo que eu me pergunto tanto?”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 1094/2020.