Descrição
Este ensaio busca pensar por que a pornografia, bem como outras instâncias de prazer, são invisibilizadas no espaço coletivo. Parte-se da ideia de que elas são radicalmente improdutivas, quer dizer, não visam nada além da sua própria realização; são imprevisíveis por definição, escapando também ao cálculo; reafirmam a potência do ritual, e portanto, de desvio à um cotidiano normatizado. Claro que, na lógica do capital, tudo isso incomoda. Pensar as instâncias inúteis do prazer é encontrar uma fenda nas lógicas majoritárias e também nas articulações do pensamento, escapando ao recalque e ao constrangimento como inibidores dessa discussão, e afirmar o prazer como valor.
“[…] diante do imperativo capitalista que coloca a utilidade acima do prazer e os contrapõe, reivindicamos nosso direito à inutilidade em todas as suas possibilidades criativas. Nós nos comprometermos em e com rituais inúteis e nos deixarmos afetar por eles é uma resistência afetiva à lógica utilitarista e à sua consequente fagocitização do prazer e uma possibilidade que temos de que, como diz Foucault, ‘o desejo surja’.”
[Não recomendado para menores de 14 anos]
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 1094/2020.