Descrição
Esse texto nasce da busca, pela Comunidade Catrileo+Carrión, por vestígios de experiências de seus ancestrais mapuche não heterossexuais. Uma busca por corpos e práticas que se movimentavam fora do pensamento binário, imposição persistente da matriz colonial. Registrades como “abomináveis”, vinculades à feitiçaria e acusades de usar “a palavra como arma”, tinham um papel político-espiritual, eram machi weye. Nesse resgate, é evocada a palavra epupillan (dois espíritos), e com ela o espírito do pillan (vulcão), força milenar para a construção de um espaço seguro para outres dissidentes sexuais-afetivos. Como uma convocatória a outras formas de viver para além do regime heteropatriarcal, a Comunidade Catrileo+Carrión traça poéticas para imaginar utopias epupillan, marés de solidariedade planetária que vão além do binário.
“Ao invocar o vulcão/Pillan, convocamos o fluxo de magma que permite a erupção como uma desordem plasmática da matéria. Queremos traçar poéticas que nos permitam imaginar politicamente como seriam essas utopias concretas, como marés de solidariedade planetária com outros seres humanos e não humanos, com as quais, nessas águas, invocaremos nosses ancestrais que foram queimades na fogueira ou jogades no mar. Este é um convite a uma revolução que vai além do pensamento binário, além da afiliação patriarcal.
Quanto podemos aprender com o tempo dos vulcões, das correntes marítimas? Como dialogar com toda a energia não humana que nos transborda, mas que nos conecta com múltiplas experiências de resistência à ordem moderno-colonial?”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 1094/2020.