Em “Breve história desta coleção”, a editora Carolina Fenati escreve em resposta à alegria imensa por esta coleção chegar vivíssima ao número 100. São quase dez anos de publicações mensais, com textos sobre literatura, poesia, política, antropologia, biologia, feminismo, e outras variações do pensamento preciso e aventureiro. Este número 100 conta de que modo surgiu o primeiro número, o trajeto da coleção e também suas imagens de futuro. Nestes tempos sombrios, esta coleção é a afirmação do direito de pensar, da alegria de partilhar e das incríveis forças do trabalho feminino.

“Esta coleção de textos começou na manhã seguinte de uma noite dedicada à leitura. Queria escrever em resposta ao que havia escutado, e talvez naquela época não imaginava que estaria, como estou agora, escrevendo o número cem de uma série de ensaios que desde então nomeei Caderno de Leituras. Era dezembro de 2011, vivíamos em Lisboa e há pouco mais de dois anos fazia doutorado sobre a escrita de Maria Gabriela Llansol. Muitos dos meus dias eram vividos nas bibliotecas ou no espólio de Llansol, entre seus livros e diários – tinha uma bolsa de estudos e minhas tarefas eram ler e escrever. No dia a dia desse trabalho não encontrava quase ninguém, e vivia esta estranha solidão do estudante: rodeada de livros, estava em companhia da língua e me sentia de algum modo sempre à escuta de alguém; todavia, esse alguém, sempre ou quase sempre, estava ausente.”