Descrição
A amizade é tão intimamente ligada à própria definição da filosofia, que podemos dizer que sem ela a filosofia não seria realmente possível. A intimidade entre amizade e filosofia é tão profunda que esta inclui o philos, o amigo, no seu próprio nome e, como muitas vezes acontece em toda proximidade excessiva, arrisca não conseguir distinguir-se. No mundo clássico, essa promiscuidade e, quase, consubstancialidade do amigo e do filósofo era óbvia, e é certamente por uma intenção de alguma maneira arcaizante que um filósofo contemporâneo – no momento de fazer a pergunta extrema “O que é a filosofia?” – pôde escrever que essa é uma questão para ser tratada entre amis. Hoje a relação entre amizade e filosofia, na verdade, caiu em descrédito, e é com uma espécie de constrangimento e má consciência que aqueles que exercem a filosofia como profissão tentam acertar as contas com esse parceiro incômodo e, digamos, clandestino do seu pensamento.
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“Crise” e “economia” não são hoje usadas como conceitos, mas como palavras de ordem que servem para impor e fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. “Crise” atualmente significa apenas “você deve obedecer!”. Creio que seja evidente para todos que a chamada “crise” dura já decênios e é apenas o modo normal em que funciona o capitalismo no nosso tempo. E é um funcionamento que não tem nada de racional.