Descrição
“O voo das abelhas da terra” traz, sob uma perspectiva contra-colonialista, percepções e reflexões de Ana Mumbuca sobre a resistência e o enfrentamento da comunidade do quilombo de Mumbuca frente as diferentes guerras do mundo contemporâneo. Dentre essas guerras, está a pandemia de Covid-19. Mumbuca é uma espécie de abelha e, não por acaso, dá nome ao quilombo, localizado no estado do Tocantins, na região do Jalapão. Lutar pela terra e pelas concepções coletivas de vida é parte da história das comunidades ancestrais e tradicionais e, se o capital atua como se pudesse dispensar essas formas de vida, esse texto de Ana Mumbuca afirma a sua força e imagina o que seria da Terra sem essa luta.
“Enquanto o sistema vive as incertezas, construindo as certezas autodestrutivas, decidimos conjuntamente viver, pois a única certeza é a morte. Nenhuma ameaça global é tão grande quanto morrer por ser mulher, morrer por pertencer a este grupo. Nos matam por sermos quem somos. É pela certeza da morte que vivemos e cultivamos vidas. Em uma lógica competitiva dos que mandam no ‘mundo’, nós somos insignificantes como os insetos. Dentre os insetos, somos abelhas Tataíra, Abreu, Arapuá, Mumbuca, entre outras. Somos fazedoras de mel, somos polinizadoras do planeta e nosso jeito de existir faz nascer frutos que alimentam as vidas. Quem se importa com as vidas das pequenas abelhas? Em tempos pandêmicos, com pandemias que não são apenas contemporâneas, também é tempo de fazer alianças. Quais e como estão sendo as suas alianças?”
Projeto Caderno de Leituras, nº 0699, aprovado no Edital 2017 oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016).