Descrição
Nesta carta, assinada em 19 de agosto de 1563, Montaigne descreve os últimos momentos da vida de seu amigo La Boétie. Comovente e encantatória, a carta é um testemunho impossível: entre a saúde e a doença, um silêncio se anuncia, implacável, e Montaigne, que o via chegar, não pôde dar-lhe um lugar.
“Nesse ponto, ele terminou sua fala, continuando-a depois com uma tal firmeza no semblante, tal força nas palavras e na voz que, daquele momento em que o encontrara, quando entrei em seu quarto, fraco, arrastando lentamente as palavras, umas após outras, e tendo o pulso enfraquecido como que por uma febre vagarosa puxando-o para a morte, o rosto pálido e totalmente mortificado, parecera então que ele acabara, como por milagre, de retomar um pouco de vigor, a tez mais corada, e o pulso mais forte, de modo que fiz com que ele apalpasse o meu para compará-los conjuntamente. Naquela hora tive o coração tão apertado que nada lhe soube responder.”
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