Descrição
O erotismo na literatura moderna não se assemelha nem ao erotismo da literatura pagã, nem ao erotismo das literaturas posteriores; mais do que nunca, tanto em relação ao primeiro quanto ao segundo erotismo, mas ainda conservando esta diferença, o erotismo da literatura pagã mantém toda a inocência, a brutalidade e a densidade de uma natureza que o sentido cristão do pecado ainda não percebeu e direcionou contra si mesmo; enquanto que o erotismo da literatura moderna não pode não se dar conta da experiência cristã. […]
Alberto Moravia
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Li recentemente um romance incompleto, inédito e ainda (mas por pouco, espero eu) desconhecido por todos1. Na nossa imaturidade perpétua, que procura às cegas suas passagens através da clareza, certas leituras equivalem, para nós, a experiências reais e providenciais: expulsando do nosso convívio, com a sua intervenção iluminada, os monstros infantis da nossa superstição comum. A razão máxima da arte consiste, a meu ver, nessa função liberatória. […]
Elsa Morante
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Os nossos contemporâneos ainda pensam muito em sexo. Aquele que pensa muito não é livre. O “sentido do pecado” está em via de extinção, mas estamos mais do que nunca distantes de uma felicidade natural. A concepção centrada no sexo do moralismo repressivo religioso está sendo substituída, na mentalidade e no costume de massa, por outra concepção, em que a plenitude sexual é considerada em termos míticos e abstratos e, por isso, se torna outra forma de alienação. […]
Italo Calvino