Descrição
Este ensaio traça relações entre poesia e natação. Há nelas o desejo pelo movimento – “ser um ritmo, educar a respiração e fluir”; e também muitos poetas dedicaram-se com o mesmo entusiasmo a nadar e a escrever – Heráclito, Edgar Allan Poe, Cocha Méndez, Lord Bryon, Héctor Viel Temperley, entre tantos outros. Atirar-se ao mar, gesticular rodeado pelo desconhecido, traçar algumas linhas como um modo de atravessá-lo – estas e outras imagens são trabalhadas nesse texto que, muito para lá da metáfora, entende nadar e escrever como experiências próximas.
“Quem tenha nadado seriamente no mar, longe da costa, terá sentido a adrenalina de um perigo subjacente e a dependência, crucial, de uma respiração bem controlada, com pulmões, alvéolos e brônquios trabalhando sincronizadamente para manter um nado ótimo, rítmico, bem acoplado ao elemento no qual se está. Não acontece o mesmo com a escrita de poesia, que também se baseia na orquestração de um aparato respiratório para melhor discorrer? Um poema que respira mal se afoga, como um nadador no meio do mar.”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 0182/2021.