Descrição
Nesta entrevista, Jacques Rancière dedica-se a pensar sobre o seu método – através de uma escrita anti-hierárquica, a sua escrita perturba a “máquina explicativa” que sustenta discursos especializados e suas diferentes traduções em linguagens que mantém uma ordem subalternizante. Não se trata de um filósofo que explica e comenta acontecimentos, e sim de um montador de cenas que produz topografias igualitárias. O seu pensamento posiciona-se na borda da cena não tanto para representar os oprimidos e suas vulnerabilidades, e sim para mostrar como eles redispõem seus corpos e suas formas de vida de modo a alterar um campo de experiência através de transgressões, resistências, irrupções e levantes.
“O que me interessa fundamentalmente é a topografia do perceptível, do pensável e do possível. Em consequência, não me coloquei nas margens, mas no centro. Esse centro que é também uma borda, na qual se decide quem está dentro e quem está fora. Tentei, com esses indicadores filosóficos, marcar os pontos nos quais se operam os gestos de partilha decisivos que vão definir as formas da experiência possível, não no sentido kantiano, mas no sentido do que cada um de nós pode perceber, dizer e pensar acerca daquilo que experimenta.”
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Projeto 1094/2020.