n.109 | 2020 – Por uma ética e uma política da amizade

Francisco Ortega

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Descrição

Imaginar novas formas relacionais e de comunidade como tarefa de resistência política – este texto de Francisco Ortega insere-se entre aqueles que buscam responder à esta urgência. No contemporâneo, a “tirania da intimidade” é simultânea a um crescente esvaziamento da esfera pública, e repete-se o gesto, tão recorrente na tradição política ocidental, de “interpretar a esfera do político (da qual a amizade faz parte) em categorias pré-políticas, familiares ou domésticas.” A partir de Hannah Arendt e sua crítica ao “eu da interioridade” e ao ideal do amor romântico – “talvez a mais poderosa das forças humanas anti-políticas” –, Francisco Ortega rasura a ideia da “descoberta de si pela invenção de si” e aponta para um “ethos da distância”, para um “espaço entre os indivíduos”.

“A liberdade surge no espaço ‘entre’ os indivíduos, como nossa autora [Hannah Arendt] ressalta reiteradamente, e esse ‘entre’, ‘espaço-intermediário’, é o mundo: ‘O lugar de nascimento da liberdade não é nunca o interior de algum homem, nem sua vontade, nem seu pensamento ou sentimentos, senão o espaço entre, que só surge ali onde alguns se juntam e só subsiste enquanto permanecem juntos. Existe um espaço da liberdade: é livre quem tem acesso a ele e não quem fica excluído do mesmo’.”

Projeto Caderno de Leituras, nº 0699, aprovado no Edital 2017 oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016).

Coordenação editorial
Luísa Rabello e Maria Carolina Fenati

Coordenação de arte
Luísa Rabello

Projeto gráfico
Rita Davis

Julho de 2020